sábado, 19 de outubro de 2013

Agite antes de usar

O Coletivo Marxista publica mais um texto de nosso colaborador e companheiro de lutas, Ricardo Kubrusly, professor, poeta e matemático, que, de forma brilhante, nos registra a sua e nossa indignação perante a violência e a arbitrariedade com as quais o Estado burguês tenta nos silenciar.

"Dia do Professor - 15-10-2013", por Gabriel Q. Kubrusly


Aqui como lá, dirijo-me aos nossos dirigentes, antes que o mundo aconteça.


Para o povo nas ruas da cidade e
pela libertação imediata dos que ainda presos
 lutam por um mundo mais justo. Aqui e agora.

Ética é lógica na medida que mundos conversam e se entrelaçam. Talvez melhor seria: Ética é Ótica, baseado no que se vê e ouve, o cheiro de raiva no ar é cheiro de povo na rua revoltado.
A polícia é, vê-se, ouve-se, seus cheiros são de corpos isolados pelas armaduras de ferro e palavras-ódio transpassadas. Ódios à mistura dos corpos que em rodas falantes de versos e verdades buscam a palavra ventania, com sua raiva, raiva e consequências.
Somos o povo revoltado que desconhecemos, somos a hora que julgávamos perdida, a vontade augusta de futuro, agora.
Se o tempo é um, como queríamos acomodadamente, com os pés fincados, um ao passado onde a vida é sempre verdadeira e duvidosamente segura, e o outro, pé que se nos resta aos pássaros sem asas, fincados nas ilusões e possibilidades, as lógicas que deem conta de tantas possibilidades, gozando, gozando à espera da semente que julgam ser a vida. Só, sabemos todos, a morte tem lugar no futuro. Pois que venha se por ela tanto esperamos, na luta por um passado mais contemplável e esse presente revolucionário que se estabelece nas ruas e nas praças onde o povo é o coletivo metabiológico que se movimenta e delibera. Se o tempo é um, finco meus pés no ar e lanço-me aos ventos dos futuros.
Ontem, o Rio de fogo era espanto previsível e, previsto por quantos sentidos debruçados debruçavam sobre o mundo.
Que passado pode gerar futuro tão presente, tamanha violência e ternura. Entre Amarildos e a barbárie, que lógicas os explica e absolve? Como não falar do tempo se o futuro comprimido se apresenta, agora? Como falar do tempo?
Não é hora de tipificar o povo em sua revolta verdadeira. O que são, o que querem?… não nos revelará caminhos, mas sim, o que fizemos para gerar esse mundo que se nos rodeia. Memória alguma disfarça a dor de se perder a história. O mundo de volta à barbárie e aqui, não.
Saudemos ao povo mascarado e de preto nas ruas e praças da cidade. Nós somos os revoltados e, ..., baderneiros são, e sempre o foram, a imprensa apavorada que nos tenta criminalizar e suas alianças corruptas com os governos que, em nosso nome nos matam. Dela nada mesmo nunca esperamos e de lá, nada mesmo veio que não fosse conservadorismo e apego ao pior das lógicas, de um único e parco valor, umbigo monolítico que se alimenta e sempre se alimentou de sangue humano.
Que não esperemos luz que não a nossa própria incandescência que nossos corpos geram e possibilitam. Um corpo em movimento, feito dos versos verdades dos mil corpos que se encontram e que se reconhecem uns nos outros. Somos a praça que avança com seus sonhos e com as diversas lógicas dos mundos.
Valor universal é caminhar, essa democracia que aí se toma posta é destino pré arranjado de um futuro nunca. Não há acordo. Acorda!

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