domingo, 9 de março de 2008

13/07/2007: Sobre o ato na abertura do Pan e a falsa unidade da "esquerda"

Sobre o ato na abertura do Pan e a falsa unidade da"esquerda"

No início do segundo mandato de Lula/PT grande parte dos trabalhadores já não tinha mais esperanças de que o governo fosse realizar qualquer tipo de transformação social. Por conta disso, quando o governo iniciou a onda de ataques aos direitos dos trabalhadores e da juventude buscando concluir as reformas iniciadas no primeiro mandato, a reação foi imediata.

O primeiro semestre de 2007 foi marcado por uma série de greves em todo país para combater a precarização das condições de vida dos trabalhadores imposta pelo governo. Nas universidades, de norte a sul aconteceram ocupações de reitorias que exigiram a melhoria das condições de ensino e rejeitaram a chantagem e o ataque à autonomia das universidades expressas no Decreto que instituiu o Reuni.

Como não poderia deixar de ser, CUT e UNE cumpriram o papel de atravancar todas estas lutas, ora buscando desqualificá-las e desmobilizá-las, ora se infiltrando nas mobilizações para tentar enfraquecê-las por dentro, através da imposição de eixos rebaixados, que significavam a defesa - velada ou aberta - do governo.

Agora, em julho, chegam os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro. Os governos Lula, Sergio Cabral e César Maia investem bilhões na maquiagem do Rio de Janeiro,buscando esconder os problemas sociais que os trabalhadores e a juventude enfrentam, e impõem uma política de segurança baseada na repressão, na violência policial e no ataque às comunidades pobres do Rio de Janeiro. Além disso, os governos buscam se promover através do Pan-Americano, visando um fortalecimento político para dar prosseguimento à ofensiva sobre os direitos sociais.

O momento exige uma resposta clara por parte dos movimentos sociais combativos, que hoje se encontram em processo de reorganização, buscando reconstruir a unidade da classe trabalhadora e da juventude e se libertar da cooptação articulada pelo governo Lula/PT através da CUT e da UNE.

Para tal, é fundamental que a denúncia da precarização das condições de vida, do aumento da exploração via ataques sobre os direitos de trabalhadores, da privatização do ensino público, das péssimas condições do transporte e saúde públicos, da violência policial, enfim, que a denúncia de toda situação de precaridade em que vive a classe trabalhadora, seja somada à denúncia do governo Lula/PT como agente maior destes ataques e como representante das classes dominantes. Afinal, as reformas neoliberais que o governo vem implementando significam o aprofundamento de toda esta precarização e a retirada de direitos históricos, assegurados com muita luta, em favor do lucro de empresários e banqueiros. Os Jogos Pan-Americanos são mais um exemplo desta opção: gastam-se bilhões do dinheiro público para promover um Brasil de mentira, jogando para baixo do tapete todos os problemas sociais existentes, e alega-se que não há verba para as áreas sociais.

No entanto, a opção política dos setores majoritários da Conlutas e Intersindical (PCB PSOL PSTU) foi outra. Neste momento decisivo, preferiram construir um ato rebaixado, que não se opõe frontalmente ao governoLula/PT e que, por isso, é incapaz de servir como verdadeira defesa dos direitos que ele vem caçando e como um passo na luta por melhora nas condições de vida dos trabalhadores e da juventude. De nada adianta apontar os problemas e preservar seu agente.

E esta opção foi feita, de maneira lamentavelmente incoerente, justamente para construir uma falsa unidade com CUT, UNE , PT e PCdoB, que são os agentes deste governo no interior dos movimentos sociais, que são seu maior apoio para implementar sua política reacionária. Dizemos que é uma falsa unidade porque a condição que CUT, UNE, PT e PCdo B impõem para participar do ato é exatamente que ele não esclareça a serviço de quem o governo está e nem deixe claro que são Lula/PT os responsáveis pelas reformas que buscam tirar direitos dos trabalhadores e da juventude. É por isso que este ato não vai servir para somar forças para a luta dos movimentos sociais em sua tarefa de reorganização independente para lutar pela garantia de seus direitos. Afinal, a única unidade possível com o governo e seus agentes pressupõe a supressão das divergências políticas fundamentais: é a "unidade" da renúncia à política, que só soma forças à defesa velada do governo.

Sendo assim, nós, militantes empenhados na construção de uma organização revolucionária reunidos no Coletivo Marxista, repudiamos um ato construído em tais marcos. Importantes mobilizações do início de 2007 se deram por fora dos marcos da CUT e da UNE. Na prática, se chocaram frontalmente com os agentes do governo Lula/PT, que foram repudiados veementemente em cada uma delas.

Esse é o caminho de construção da verdadeira unidade da esquerda. Uma unidade que signifique independência frente à política de cooptação do governo, que signifique, enfim, independência política e organizativa para a classe trabalhadora e para a juventude lutarem pelos seus direitos. Convocamos, então, os estudantes e trabalhadores a alavancarem estas mobilizações a um patamar superior, capaz de derrotar a política reacionária de Lula/PT.

Coletivo Marxista

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