quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Coletivo Marxista apóia a greve dos profissionais da Educação no Rio de Janeiro

Profissionais da Educação do Rio de Janeiro:
aumentar a mobilização para defender a
Educação Pública e conquistar mais vitórias!



A realidade do sistema educacional no Estado do Rio de Janeiro é bastante perversa: salários achatados para os profissionais da Educação de um lado, infra-estrutura conturbada (transporte, alimentação, materiais didáticos, uniforme) para os estudantes de outro. Apenas para ilustrar, na década de 1980, o salário dos professores equivalia a cerca de 5 (cinco) salários mínimos. Atualmente, levando em consideração os descontos e os gastos com transportes—os educadores não possuem benefício como vale-transporte—os professores que ingressam na rede estadual recebem menos que um salário mínimo! Não é para se estranhar os dados apresentados pelo Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (SEPE): apenas no mês de agosto, 32 (trinta e dois) professores pediram exoneração diariamente, totalizando a perda de aproximadamente 1.000 (mil) docentes.



Lula, Cabral e Paes: agentes da burguesia e inimigos da Educação.




É importante situarmos o contexto de crise econômica do sistema capitalista. Enquanto bilhões são destinados para salvar empresários, latifundiários e banqueiros, são anunciados constantemente pelos Governos Federal, Estaduais e Municipais cortes de verbas para a Educação, a Saúde e demais políticas públicas voltadas para os trabalhadores. Vivenciamos recentemente adiamento das aulas por conta da epidemia da gripe suína, o que ratifica o despreparo de nosso sistema público de saúde em atender ao conjunto da população, em que grande parcela recorre aos planos privados para poder sobreviver. Nesse quadro, no caso do Rio de Janeiro, entendemos claramente a tríade composta pelo Governo Lula/PT, Cabral/PMDB e Paes/PMDB, como representantes políticos da classe dominante para gerir o Estado burguês. Aparecem juntos, em sambas, comemorações, inaugurações e sorriem ao destinar boa parte dos recursos públicos para sediar grandes eventos como a Copa do Mundo 2014 e os Jogos Olímpicos 2016.



Contra a privatização da Educação e em defesa de condições salariais
e de trabalho para os profissionais. Só a luta muda a vida.


O Governador Sergio Cabral, durante as eleições burguesas de 2006, enviou carta endereçada aos profissionais da Educação com uma plataforma de promessas, caso fosse eleito. Foi eleito e não cumpriu. Aqui concretizamos: nenhuma ilusão na democracia burguesa! Nesse segundo semestre de 2009, terceiro ano de mandato do Governador, foi apresentado o Projeto de Lei 2474/2009, que incorpora a gratificação do Nova Escola apenas ao longo de seis anos e diminui o percentual de 12% para 7,5% do aumento conquistado pela categoria ao mudar de nível no Plano de Carreira. Há anos tais profissionais não possuem reajuste salarial e a proposta apresentada, além de não contemplar, retira ganhos conquistados pelos trabalhadores com muita luta, suor e sangue. Enquanto isso, o dispêndio de recursos por meio do projeto de “informatização da educação” favorece setores privatistas: são laptops e microfones para professores, computadores para salas de aula e laboratórios, obras de climatização nas salas de aula. Majoritariamente acima do preço de mercado, tais aquisições garantem a lucratividade da iniciativa privada, de empresários aliados ao Governador e seus asseclas. É nítido o processo de privatização da Educação.



A resposta dos profissionais da Educação precisa transcender os limites que a classe dominante nos apresenta. A Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) não é a nossa casa. Nosso quintal, nossa sala, nosso quarto são as ruas! O debate que alguns setores têm feito de que vamos reverter nas urnas no próximo ano e estabelecer uma espécie de vingança com o governador e deputados que votarem contra a Educação está equivocado. A ALERJ também está submissa à lógica de exploração e opressão de uma minoria sobre a maioria. Apenas a nossa mobilização, a pressão, a presença nas ruas podem conquistar vitórias para a categoria! Só a luta muda a vida.




No dia 22 de agosto, 300 (trezentos) profissionais estiveram reunidos em Assembléia para discutir os rumos de nossa campanha. Após esse espaço, tivemos paralisação, ato na ALERJ e Assembléia no dia 26 de agosto, reunindo quase 1000 (mil) manifestantes. Novas paralisações ocorreram nos dias 01 e 02 de setembro, de onde saiu a deliberação de greve de 48 (quarenta e oito) horas nos dias 08 e 09 de setembro, com passeata. A luta cresce diariamente e o reflexo dessa correta orientação de mobilizações tem ocasionado uma grande adesão dos profissionais da Educação.




Ontem, 08 de setembro, entre três e quatro mil manifestantes—dentre professores, funcionários, aposentados e estudantes—caminharam em passeata da Candelária até a ALERJ, demonstrando a força do movimento. Lá, acompanhamos cenas de barbárie contra os manifestantes. A Polícia Militar e a Tropa de Choque, defensoras da propriedade privada, da ordem vigente e do Estado Burguês, atacaram os manifestantes com gás de pimenta, bombas e acertaram um dos presentes com um tiro de bala de borracha! No total, 13 feridos pela ação truculenta da PM e da Tropa de Choque - nove professores, dois estudantes e dois fotógrafos. Na ALERJ, a opção dos deputados foi manter os 12% da mudança de nível e mexer em detalhes do PL 2474, que em praticamente nada modificaram a proposta do Governador (mantendo a incorporação em 7 parcelas ao longo de 6 anos). Entendemos sim como uma vitória a manutenção dos 12%, mas podemos e devemos arrancar mais conquistas para os educadores. Defendemos, portanto, a incorporação total e imediata do Nova Escola ao vencimento básico!



Apoiamos a greve! Repudiamos a Polícia Militar e a Tropa de Choque!



A REDE ESTADUAL CONTINUA EM GREVE! Cabral, a culpa é sua! A mídia burguesa tenta nos desqualificar, o Estado nos oprime, mas a nossa força cresce. Hoje, centenas de escolas fecham suas portas e milhares de trabalhadores aderem às lutas. Estudantes participam das manifestações e apóiam a luta. O Coletivo Marxista defende a greve dos profissionais da Educação e conclama o conjunto da sociedade para se somar à passeata até o Palácio Guanabara, que ocorrerá amanhã, 10 de setembro, com concentração às 10h no Largo do Machado. Após a manifestação, nova Assembléia acontecerá na ABI às 15h para definir os rumos da campanha.



Para finalizar, repudiamos o brutal ataque repressor da Polícia Militar e da Tropa de Choque durante a manifestação, que confirmam a truculência do Governo Sérgio Cabral/PMDB e o seu trato com os profissionais da Educação. É tempo de resistirmos aos ataques, fortalecermos a greve e arrancarmos ainda mais conquistas para os trabalhadores!

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