A realidade do sistema educacional no Estado do Rio de Janeiro é bastante perversa: salários achatados para os profissionais da Educação de um lado, infra-estrutura conturbada (transporte, alimentação, materiais didáticos, uniforme) para os estudantes de outro. Apenas para ilustrar, na década de 1980, o salário dos professores equivalia a cerca de 5 (cinco) salários mínimos. Atualmente, levando em consideração os descontos e os gastos com transportes—os educadores não possuem benefício como vale-transporte—os professores que ingressam na rede estadual recebem menos que um salário mínimo! Não é para se estranhar os dados apresentados pelo Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (SEPE): apenas no mês de agosto, 32 (trinta e dois) professores pediram exoneração diariamente, totalizando a perda de aproximadamente 1.000 (mil) docentes.
Lula, Cabral e Paes: agentes da burguesia e inimigos da Educação.
Contra a privatização da Educação e em defesa de condições salariais
O Governador Sergio Cabral, durante as eleições burguesas de 2006, enviou carta endereçada aos profissionais da Educação com uma plataforma de promessas, caso fosse eleito. Foi eleito e não cumpriu. Aqui concretizamos: nenhuma ilusão na democracia burguesa! Nesse segundo semestre de 2009, terceiro ano de mandato do Governador, foi apresentado o Projeto de Lei 2474/2009, que incorpora a gratificação do Nova Escola apenas ao longo de seis anos e diminui o percentual de 12% para 7,5% do aumento conquistado pela categoria ao mudar de nível no Plano de Carreira. Há anos tais profissionais não possuem reajuste salarial e a proposta apresentada, além de não contemplar, retira ganhos conquistados pelos trabalhadores com muita luta, suor e sangue. Enquanto isso, o dispêndio de recursos por meio do projeto de “informatização da educação” favorece setores privatistas: são laptops e microfones para professores, computadores para salas de aula e laboratórios, obras de climatização nas salas de aula. Majoritariamente acima do preço de mercado, tais aquisições garantem a lucratividade da iniciativa privada, de empresários aliados ao Governador e seus asseclas. É nítido o processo de privatização da Educação.
A resposta dos profissionais da Educação precisa transcender os limites que a classe dominante nos apresenta. A Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) não é a nossa casa. Nosso quintal, nossa sala, nosso quarto são as ruas! O debate que alguns setores têm feito de que vamos reverter nas urnas no próximo ano e estabelecer uma espécie de vingança com o governador e deputados que votarem contra a Educação está equivocado. A ALERJ também está submissa à lógica de exploração e opressão de uma minoria sobre a maioria. Apenas a nossa mobilização, a pressão, a presença nas ruas podem conquistar vitórias para a categoria! Só a luta muda a vida.
No dia 22 de agosto, 300 (trezentos) profissionais estiveram reunidos em Assembléia para discutir os rumos de nossa campanha. Após esse espaço, tivemos paralisação, ato na ALERJ e Assembléia no dia 26 de agosto, reunindo quase 1000 (mil) manifestantes. Novas paralisações ocorreram nos dias 01 e 02 de setembro, de onde saiu a deliberação de greve de 48 (quarenta e oito) horas nos dias 08 e 09 de setembro, com passeata. A luta cresce diariamente e o reflexo dessa correta orientação de mobilizações tem ocasionado uma grande adesão dos profissionais da Educação.
Ontem, 08 de setembro, entre três e quatro mil manifestantes—dentre professores, funcionários, aposentados e estudantes—caminharam em passeata da Candelária até a ALERJ, demonstrando a força do movimento. Lá, acompanhamos cenas de barbárie contra os manifestantes. A Polícia Militar e a Tropa de Choque, defensoras da propriedade privada, da ordem vigente e do Estado Burguês, atacaram os manifestantes com gás de pimenta, bombas e acertaram um dos presentes com um tiro de bala de borracha! No total, 13 feridos pela ação truculenta da PM e da Tropa de Choque - nove professores, dois estudantes e dois fotógrafos. Na ALERJ, a opção dos deputados foi manter os 12% da mudança de nível e mexer em detalhes do PL 2474, que em praticamente nada modificaram a proposta do Governador (mantendo a incorporação em 7 parcelas ao longo de 6 anos). Entendemos sim como uma vitória a manutenção dos 12%, mas podemos e devemos arrancar mais conquistas para os educadores. Defendemos, portanto, a incorporação total e imediata do Nova Escola ao vencimento básico!
Apoiamos a greve! Repudiamos a Polícia Militar e a Tropa de Choque!
Para finalizar, repudiamos o brutal ataque repressor da Polícia Militar e da Tropa de Choque durante a manifestação, que confirmam a truculência do Governo Sérgio Cabral/PMDB e o seu trato com os profissionais da Educação. É tempo de resistirmos aos ataques, fortalecermos a greve e arrancarmos ainda mais conquistas para os trabalhadores!
Nenhum comentário:
Postar um comentário