quinta-feira, 25 de março de 2010

28 de março - Dia Nacional dos Estudantes

28 de março – Dia Nacional dos Estudantes
Avançar nas lutas com a construção do novo!

No dia 28 de março, é comemorado o dia nacional dos estudantes em homenagem a Edson Luiz, o primeiro estudante assassinado pela ditadura militar, em 1968. Essa é uma importante data para a luta do movimento estudantil brasileiro.

Nesse momento, o movimento estudantil brasileiro e a juventude como um todo vivem uma situação delicada. A crise econômica que teve inicio em 2008 passa por um período de recuperação no país. Essa recuperação se deve aos pacotes milionários disponibilizados pelo governo aos empresários e banqueiros; pelo ataque aos salários, empregos e direitos historicamente conquistados pelos trabalhadores e pela juventude; e por uma exploração cada vez maior desses setores.

Lula segue com disciplina a cartilha elaborada pelos poderosos: já doou bilhões de reais para banqueiros e empresários, segue a todo vapor com a implementação das políticas neoliberais e ainda cumpre um papel estratégico para o imperialismo na America Latina, mantendo as tropas brasileiras no Haiti. Com o terremoto que abalou o país mais pobre do continente, pudemos ver mais claramente o papel nefasto que cumprem as tropas – repressão à população, defesa da propriedade privada e dos interesses do grande capital. Importante identificar o apoio da União Nacional dos Estudantes, morta para as lutas e transformada em um apêndice do governo, na sustentação dessas políticas, inclusive mandando militantes para o Haiti para propagandear as tropas assassinas!

Com a recuperação parcial da economia, o discurso de Lula de que “no Brasil a crise seria uma marolinha” e que “o país seria o último a entrar e o primeiro a sair da crise” sai fortalecido e aumenta a popularidade do governo. Outro fator que contribuiu para esse fortalecimento do Governo Lula foi a falta de uma resposta concreta do conjunto da esquerda, que denunciasse o verdadeiro caráter do governo aos milhões de trabalhadores que ainda depositam esperanças e sua confiança em Lula. Para além das dificuldades conjunturais de mobilização, o que vimos foram os setores majoritários da esquerda antigovernista, ao construírem mobilizações, rebaixarem suas pautas para compor atos com os setores governistas. Na prática, o governo saiu mais fortalecido e demos um passo atrás na consolidação de uma alternativa de esquerda para os trabalhadores.

No entanto, é importante termos a clareza de que é a pior crise desde 1929 e que, apesar desse período de recuperação, está longe de chegar ao fim. Os exemplos de alguns países da Europa, como Grécia e Espanha, são importantes para ilustrar que estamos vivendo uma crise de dimensões estruturais e que a tentativa dos poderosos vai ser de jogar o ônus nas costas dos trabalhadores e da juventude. A esquerda precisa estar preparada para dar respostas à altura dos ataques que sofreremos. Os trabalhadores da Grécia vêm dando um exemplo de resistência: em menos de um mês, já entraram em greve geral e paralisaram muitos setores importantes da economia em resposta ao pacote de cortes de salários e direitos elaborados pelo governo daquele país. No Brasil, importantes mobilizações também estão acontecendo, como a greve dos professores em São Paulo, que lutam por melhores salários. Precisamos, através dessas lutas econômicas, forjar uma consciência de classe e isso passa necessariamente pela denúncia do Governo Lula.

Na Educação, mais ataques!


Entramos no ano de 2010 com os ataques já anunciados desde o ano passado. O “Novo ENEM” foi festejado pelo governo como o “fim do vestibular”, como uma medida que iria democratizar o acesso ao ensino superior público. Na prática, o que vimos foi uma elitização desse processo, uma seleção ainda maior na disputa por uma vaga na universidade pública. Com o Novo ENEM, Lula segue com tudo no seu plano de destruir a universidade pública brasileira para adequá-la às necessidades dos grandes empresários da educação.

A implementação do REUNI começa a demonstrar suas fragilidades com mais nitidez: problema na distribuição de vagas de professores, falta de contratação de funcionários, falta de verba para investir na infra-estrutura das universidades que planejaram suas expansões e muitos outros problemas se expressam nas universidades de todo o Brasil. Com isso, os estudantes vão sentido na pele o sucateamento da Universidade, a falta de assistência estudantil, as salas de aula superlotadas, a falta de professores e laboratórios, etc. O cenário que o movimento estudantil de luta já desenhava desde 2007 começa a ser visualizado mais claramente.

A UNE faliu! Qual a nossa alternativa?


Diante de todos esses ataques do governo federal, é importante identificar o papel que cumpriu a UNE nesse processo. Quanto mais os ataques acontecem, mais essa entidade pelega defende as políticas de destruição da educação de Lula e, assim se torna essencial para sua implementação. Esse é o grande diferencial do governo Lula, que conta com pontos de apoio dentro dos movimentos sociais e consegue dar uma cara “progressista” às mesmas medidas neoliberais de FHC e companhia. É claro para o movimento estudantil de luta que, para se fazer uma luta conseqüente contra todos ataques do governo, necessariamente precisamos nos chocar contra a UNE, parte integrante e fundamental para a consolidação desses ataques governistas! No movimento estudantil, enfrentar os planos do governo Lula é enfrentar a UNE e, mais do que isso, lutar para derrotá-la politicamente como legitimadora do projeto de educação neoliberal.

Para potencializar as mobilizações dos estudantes, é necessário que forjemos uma Nova Entidade Estudantil, que esteja a serviço de nossas lutas. Sem esse instrumento, perdemos força por não conseguir unificar nossas lutas nacionalmente. Em 2009, foi realizado o Congresso Nacional dos Estudantes, o fórum mais importante da reorganização do movimento estudantil até agora. Nesse espaço, foi criada a Assembléia Nacional dos Estudantes – Livre (ANEL), propagandeada pelo setor majoritário do Congresso como a nova entidade estudantil. Em nossa opinião, a ANEL não responde à altura as tarefas que estão colocadas para a juventude brasileira. Sem um marco político claro de ruptura com a UNE e um programa definido, abre espaço para barganhas políticas entre o setor majoritário que a compõe – o PSTU - e os setores da esquerda da UNE – o PSOL –, o mesmo método que esvaziou outros instrumentos da reorganização do movimento estudantil. A ANEL aparece como um instrumento superestrtural que não consegue dar uma resposta de conjunto para o movimento estudantil e se consolidar como uma alternativa, assim como aconteceu com a Frente de Luta Contra a Reforma Universitária. O processo de reorganização ainda está em curso, precisamos construir uma Nova Entidade que se coloque como alternativa concreta para os estudantes!

Construir Mobilizações é necessário!

No dia em que comemoramos a importância do movimento estudantil, é fundamental que construamos mobilizações que coloquem em xeque o papel que o governo Lula e a UNE vêm cumprindo. Para colocar as lutas num patamar superior ao atual, faz-se necessária a denúncia dos agentes de implementação das políticas neoliberais que afetam os trabalhadores e a juventude. Fora Lula e UNE! Pela construção do novo movimento estudantil!

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