Nesse encerramento de 2014, o Coletivo Marxista tem a honra de publicar mais um poema do nosso colaborador Ricardo Kubrusly.
natal outra vez, solta o cabrito na avenida
abra o baú das perdidas emoções e, subitamente
lá estavam os mesmos destinos
ainda meninos, varando as esquinas
sem horas, sem tempo, na chuva, dezembro por todos os poros
subindo pelos elevadores voando janelas em sonhos suicidas
lá estavam, por baixo de nossas alegres cabeleiras
a esperança na cidade e seus encantos
nas ruas contentes centelhas de sonhos de gente e verdade
lá estavam, história construída sobre a luta permanente,
vitórias e derrotas espalhadas sobre jardins e memórias
(as decadências gemiam seus destinos
seus movimentos sem vida seus gritos que não nos
alcançavam).
braços e pernas gigantes
nos balanços itinerantes das marés
sem medo ou euforia. voando pelas esquinas
por cima das estrelas fixas
corpos vivos
permanentes, nas praças
praias, pelos subterrâneos iluminados
braços e pernas
gigantes vazando as cabeças nos instantes das nuvens
nas promessas cumpridas nos sonhos
voando pelos apartamentos
por tubos e esgotos, descendo
pelas luzes piscantes
lá estavam as escolas e suas revoluções
lá estavam os restos dos anos derramados
e o novo no novo que surgia
na espera recompensada e nas ações enfim
acontecendo
era natal.
Ricardo Kubrusly, em
19-12-2014
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