No último dia 10 de setembro, o Movimento Estudantil da UERJ estabeleceu um fato histórico: mais de 500 estudantes reunidos em Assembléia votaram pela ocupação da Reitoria.
Durante vinte dias, os Estudantes chamaram a atenção da sociedade para os problemas que a Universidade enfrentava. Por esse tempo, grande parte dos Estudantes agiu com muita firmeza e coerência, atitudes não constatadas nas figuras que representavam a Reitoria.
Muitos pautavam a permanência no espaço até garantir a suspensão do vestibular (medida lógica, pois a manutenção de mais estudantes na Universidade sob as atuais condições dispensadas pelo Governo de Sergio Cabral e pela Reitoria autoritária, que precarizam a instituição, é inviável). Todavia, as pautas de reivindicações foram ganhando corpo e legitimidade de forma a incluirmos pontos como: construção imediata dos bandejões (todos os campi da UERJ), creche universitária, abertura de concursos, liberação imediata de 6% do orçamento estadual (previsto por lei), reajuste das bolsas (talvez a mais baixa a nível nacional).
No transcorrer dos dias, a certeza sobre quem estava ou não do nosso lado se concretizava: primeiro a Reitoria (pelo descaso com a Universidade, com seus estudantes e seus Trabalhadores) que se negava a negociar enquanto os Estudantes não desocupassem; e segundo, o Governador Sérgio Cabral (que farreava com o Presidente Lula em um grande churrasco de final de semana enquanto os “donos” da Universidade cortavam a energia dos estudantes ocupados).
Os estudantes tinham a clareza de que estes eram seus reais inimigos. Porém, não contavam com um ato “heróico” de TRAIÇÃO. A direção do DCE (PSTU e P-SOL) enfiara o punhal nas costas dos militantes (como nas outras ocupações pelo Brasil a fora) que lá tanto batalhavam pela garantia das pautas de reivindicação. No dia 01/10, um grande quadro de militantes fora girado para a assembléia da Ocupação, onde votaram (com louvor e vibração) pela desocupação do espaço mediante a assinatura, por parte da Reitoria, de uma minuta (instrumento caduco, volátil, sem qualquer legalidade e legitimidade). Tal documento precedia a desocupação para iniciação dos diálogos de negociação. Como assim? Se a intenção da ocupação era de que tal Movimentação serviria para pressionar taticamente a Reitoria e assim garantir as pautas, como iríamos desocupar sem antes garanti-las?
Há anos com Estudantes apartados da luta concreta contra a precarização do Ensino Público, a ocupação definiu um salto qualitativo nos rumos do Movimento Estudantil da UERJ. Não podemos negar que esta reacendeu o fogo da inquietação no coletivo dos estudantes, porém nos transparece um claro acordo entre a Reitoria e os setores que compõem o DCE, sobretudo pelo avançar das eleições burguesas (ou vocês acham que estes iriam querer o nome de seus candidatos taxados pela imprensa?).
Uma direção estudantil como esta, que se preocupa muito mais em conseguir um lugar no parlamento burguês do que com a luta objetiva da realidade concreta, não é digna de um simples aperto de mão. Não podemos nos inquietar diante de uma política de ação com marcos rebaixados. Sem nenhuma sombra de dúvidas precisamos pensar, repensar e recuperar a radicalidade e a combatividade que Marx tanto nos colocou.
ENQUANTO ISSO... TRABALHADORES CONTINUAM EM GREVE
Estamos em mais um momento histórico para o conjunto dos trabalhadores do serviço público estadual do Rio de Janeiro. Trabalhadores e Estudantes da UERJ encontram-se mobilizados em prol de uma Universidade fora da mira dos patrões. Há dois anos esperando um posicionamento de negociação por parte do governo do Estado no que tange a oxigenação do funcionalismo da UERJ, nada se tem de concreto.
Outro posicionamento de desprezo pela Universidade foi a aprovação (solicitada pelo Governador) de uma ADIN que impede o repasse mínimo de 6% da receita líquida tributária do Estado para a Universidade.
Foi por conta destas posturas que em setembro deste ano, professores e funcionários entraram em greve por tempo indeterminado.
Com os Técnico-administrativos e professores entrando em greve e com os Estudantes ocupando a reitoria, a UERJ lançou-se em uma luta paulatina para garantir suas mínimas condições de sobrevivência.
Além de oito anos sem aumento salarial, os docentes da Universidade já não suportam mais, por exemplo, empenharem parte de seus salários para comprar cartuchos de impressão para uso na universidade.
Acreditamos, porém, que a conquista concreta só virá com as categorias mobilizadas de forma real. Isso significa dizer que os trabalhadores e estudantes devem estar dentro da Universidade, lutando pelas reivindicações.
Na conjuntura em que atravessamos, onde a Universidade é vista como despesa a ser cortada, onde os serviços públicos são constantemente periferizados, não podemos fugir às tarefas postas. Vamos à luta.
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