domingo, 8 de março de 2009

Luta Mulher!!!

“A opressão do homem pelo homem iniciou-se com a opressão da mulher pelo homem."
(Karl Marx)


1.Breve histórico sobre opressão feminina

A dominação da mulher pelo homem tem sua origem a partir da necessidade de dominação do homem.
As tribos primitivas se organizavam coletivamente para o bem comum. Em tais tribos, havia divisão de trabalho por sexo, as mulheres cuidavam do setor financeiro e os homens ficavam responsáveis pela alimentação de todos os membros. Os dois trabalhos eram de igual importância.
Cuidar dos filhos não era uma função exclusivamente feminina, muito menos somente da mãe. Todos os membros da tribo eram responsáveis pela educação das crianças.
A partir dos sete anos, as crianças saíam com os adultos e os ajudavam na medida de suas forças. Sendo assim, cresciam conhecendo e construindo seu meio social.
Os casamentos eram coletivos, ou seja, havia um casal, porém tanto homens quanto mulheres podiam ter relações com os outros membros da tribo que não possuíssem o mesmo gen, predominante o da mãe.
Com o crescimento das tribos, ocorreram dois fatos que contribuíram para que a mulher se tornasse submissa.
O primeiro deles é que, com tal crescimento, os genes se entrelaçavam, tornando dificultosa a relação entre os membros de uma mesma tribo. Por esse motivo, implantaram-se as famílias sindiásticas, que consiste em uma relação unilateral onde a fidelidade da mulher era necessária, enquanto a infidelidade do homem era permitida.
Outro fator que contribuiu para a submissão da mulher foi a divisão do trabalho, em manual e intelectual no interior das tribos.
Os indivíduos responsáveis pelo trabalho intelectual foram dominando os responsáveis pelo trabalho manual, escravizando-os.
Com isso, torna-se fundamental a fidelidade da mulher, que era tida como objeto reprodutor, pois era necessário que o gene do pai, e não mais o da mãe, se sobressaísse para que as riquezas produzidas se mantivessem no interior das famílias.
Se antes, todos trabalhavam para que as riquezas produzidas fossem da tribo para a tribo, agora os esforços eram que as riquezas fossem do interior da família para o interior da família.
Dá-se então origem à família, nos moldes que atualmente vivenciamos, base do Estado.
Durante o período Feudal, as mulheres tinham funções de tamanha importância econômica e social. Elas também exerciam funções no campo, na manufatura, administravam o lar e cuidavam da reserva e preparação dos alimentos. Porém, pelo papel histórico, sempre submetidas aos homens.
Durante o século XV, segundo Simoni (2008), ocorreu uma grande e grave crise econômica, delimitando as tarefas da mulher ao lar, ou seja, cuidar da casa e dos filhos.
As cruzadas, no século XI, que visavam retirar Jerusalém da ocupação mulçumana, impulsionaram o comércio, devido ao fato de alguns indivíduos perceberem que poderiam lucrar com as atividades comerciais das mesmas, dando origem aos mercadores.

A configuração das cidades muda, e essas passam a ter maior poder econômico, gerando a crise do feudalismo e dando origem à burguesia.


Com a apropriação dos trabalhos realizados pelas mulheres no lar, como a fiação da lã, do linho, costura e panificação, a mulher pode dedicar-se ao trabalho fora do lar.

Porém, isso não se trata da emancipação feminina nem da classe trabalhadora, pois com a mulher no mercado de trabalho, aumenta a gama de explorados.

A Revolução Industrial é um marco que enfatiza a opressão feminina.

Com o cercamento dos campos, em prol das indústrias, diversas famílias foram obrigadas a irem para as cidades, e mulheres e crianças se viram obrigadas a trabalhar em fábricas.

Segundo Marx, em Salário, preço e lucro, apesar da mesma carga horária de trabalho, mulheres e crianças recebiam menores salários do que os homens, sendo vantajoso aos capitalistas contratar esse setor.

Isso ocorre porque o salário da mulher era tido pela sociedade como um complemento ao salário dos homens, pois era um dever do chefe de família o sustento do lar.

As cargas de trabalho nas fábricas eram de até dezesseis horas diárias, de segunda a Sábado.

Com isso, a família proletária é completamente comprometida.

As mulheres embriagavam seus bebês para que eles não chorassem durante essa longa jornada de trabalho, por vezes matando seus filhos.

A relação entre homem e mulher e o direito de amar se tornaram escassos.

Com todas as dificuldades, homens e mulheres se identificam como pertencentes de uma mesma classe, passando a ser companheiros de luta.

As lutas proletárias prosseguiram em prol e muitas formulações sobre uma terra livre de desigualdades e opressões foram pensadas. Desde o socialismo que Marx denominou de utópico, devido sua falta de materialismo ou de visão da história da sociedade, até o socialismo científico, com base materialista histórica dialética, que tinha como base a unificação entre a compreensão materialista da história e o método dialético como opção filosófica.
O Manifesto do Partido Comunista, escrito por Marx e Engels, já abordava algumas das questões referentes à vida das mulheres sob o modo, apesar de não tratar profundamente sobre o assunto.
Muitos grupamentos femininos dentro dos movimentos operários se reuniam para discutir opressão feminina.
O Partido Social Democrata Alemão tinha em seu seio Rosa Luxemburgo e Clara Zetkin, que discutiam a opressão e os direitos da mulher com operárias e prostitutas.
Karl Marx, Paul Lafargue, Laura Marx e Frederich Engels e posteriormente Clara Zetkin, Rosa Luxemburgo, Alexandra Kolontai e August de Bebel, desempenharam papéis fundamentais para a luta pela emancipação total da mulher.
Em 1890, após a criação da Internacional Socialista, Clara Zetkin começa a organizar a luta das mulheres para integrá-las as lutas socialistas.
Tanto Zetkin quanto August de Bebel escrevem grandes contribuições para essa luta, auxiliando a aproximação das mulheres ao movimento operário.
Em época em que sindicatos e partidos eram vistos como lugares de homem, após tais táticas da direção da Internacional, inúmeras mulheres se aproximaram, passaram a discutir, produzir e participar das lutas socialistas.


2. Dia Internacional de Luta da mulher


Muito comemorado pelas grandes empresas, lojas de produtos de beleza e floriculturas, esse dia destaca a mulher convencionada pela burguesia, a mulher consumista e nos moldes estipulados pela sociedade de consumo.
A mídia burguesa trata de fazer campanhas e propagandas, os shoppings fazem grandes promoções e as empresas entregam flores nas ruas.
Esse dia, totalmente apropriado pela sociedade capitalista, tem de fato origem na luta das mulheres socialistas.
A origem desse dia é bastante atordoada, várias versões foram colocadas, e aceitas pela sociedade.
No mundo bipolarizado, nas décadas de 50, 60 e 70, onde de um lado estava o bloco Soviético e do outro estava os Estados Unidos se configurando como uma grande potência, é bem possível que a origem do Dia da Mulher tenha sido maquiada em prol dos capitalistas, e foi o que de fato aconteceu.
Em 8 de Março de 1975, a ONU proclama tal dia como o Dia Internacional da Mulher, se utilizando do argumento, que nesse dia, em 1857, em Nova Iorque, ocorreu uma grande greve de mulheres, onde 129 operárias teriam morrido queimadas. Porém, segundo Naumi Vasconcelos, da UFRJ, e muitas outras bibliografias com vasta pesquisa histórica, essa greve nunca teria existido.
O que de fato teria ocorrido é a mistura de dois grandes episódios, um de greve e outro de acidente em uma fábrica, onde inúmeros operários e operárias morreram queimados, pois a pesquisadora Renée Côté, investigou durante dez anos, nos arquivos europeus, dos EUA e do Canadá, e não encontrou nenhum resquício da tal greve.
A menção da greve chegou a ser feita pelo jornal do Partido Comunista Francês e a data por um boletim da Federação Internacional Democrática das Mulheres, em Berlim, nas décadas de 50 e 60.
No final da década de 50 e durante a década de 60, se concretizava a Revolução Cubana, a derrota dos Estados Unidos pelas Tropas do Vietnã, a Revolução Cultural Chinesa, os estudantes nas ruas em variados países, as mulheres americanas protestando contra a Guerra do Vietnã e a juventude passava a ler os livros de Alexandra Kolontai e Wilhem Reich, que falavam sobre a libertação sexual.
Nesse conturbado contexto, ocorre, nos Estados Unidos, a retomada de boletins feministas, em 8 de Março, data que tinha sido esquecida pela burocratização da União Soviética por Stálin e pelo avanço capitalista no Ocidente.
Porém, o verdadeiro dia da mulher vem das mulheres socialistas.
Nos Estados Unidos, o Partido Socialista dirigiu o movimento pelo direito do voto da mulher, junto às sufragistas, mulheres de classe média, apesar de seus ferrenhos embates.
Este mesmo partido aglutinou nessa luta inúmeros coletivos de mulheres, próximos ao partido, e comemorou dois dias, em dois anos diferentes, o dia da mulher, convocando-as com o argumento de que a Revolução da mulher é um grande passo para o início a Revolução de toda sociedade.
Dentro da Internacional ocorriam embates ferrenhos sobre a participação das socialistas na campanha pelo voto da mulher, por ser considerada uma luta burguesa.
Na Primeira Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, em 1907, Clara Zetkin, Rosa Luxemburgo e Alexandra Kolontai, formulam uma resolução que comprometiam os variados partidos socialistas a comporem as lutas feministas, aprovando a luta pelo voto feminino.
Em 1917, a convocação para o Dia da mulher do Partido Socialista dos Estados Unidos, que dizia: "A realização da Revolução das mulheres é um dos meios mais eficazes para a revolução de toda sociedade", começa a se concretizar.
Em 23 de Fevereiro, ou 8 de Março do nosso calendário, as orientações da ala Bolchevique do Partido Social Democrata era de que não havia conjuntura para greves.
Na manhã seguinte, as operárias têxteis contrariaram essas orientações. Entrando em greve e convocando os metalúrgicos para as apoiarem.
Como se tratava de uma greve de massas, o Partido Bolchevique se viu obrigado a participar dela, e se juntou à marcha convocada pelos setores mais explorados da sociedade, as operárias têxteis.
Essa greve foi um dos importantes episódios de agitação político-social que funcionaram como verdadeiros “estopins” para a Revolução Socialista na União Soviética.
Em 1921, a Conferência Internacional das Mulheres, aprova 8 de Março como o dia Internacional de Luta das Mulheres, e a Terceira Internacional trata de espalhá-la.
O 8 de Março foi freqüentemente comemorado na Rússia Socialista, até a sua burocratização.

3.Sobre as lutas atuais


Vivemos um momento bastante delicado, uma grave crise econômica mundial nos assola, afetando ferrenhamente os trabalhadores e trabalhadoras de todo o mundo.
Tal crise vem se desencadeando desde o início de 2008 com a crise imobiliária nos Estados Unidos e a alta dos preços dos alimentos.
No Brasil, contrariando os fatos concretos, o Governo Lula/PT dizia que a crise não afetaria nosso país, devido às nossas reservas econômicas.
A mídia burguesa tratava de confirmar tais argumentos com reportagens de crescimento econômico em todo país, e afirmando que o número de vendas cresceram no Natal, maquiando a verdadeira situação de desempregos e cortes de verbas.
A CUT fazia o jogo do PT e realizava assembléias dizendo aos trabalhadores para consumirem, pois com isso a crise se abrandaria.
Enquanto isso, a UNE apoiava todas as medidas do governo, que prejudicavam tanto a saúde quanto a educação pública.
O ano de 2009 se iniciou com fatos inegáveis, férias coletivas, cortes de salários e desempregos em grandes empresas como a Vale, a GM e a Varig Log.
Uma Guerra se fixa e se intensifica entre Israel e Palestina, deixando milhares de mortos e feridos. Guerra essa estimulada pelo Imperialismo, que precisa dela para auxiliar na superação de sua crise.
Diante disso, o Governo Lula/PT já reconhece a crise e os desempregos, e desvia milhões para as mãos dos empresários e banqueiros, que continuam demitindo a fim de que seu crescimento econômico diminua mas não cesse.
O Presidente dos Estados Unidos, Obama, vai a público afirmar que essa crise não terá seu fim em 2009.
Se durante 2008 não podíamos afirmar se essa crise se configurava como conjuntural ou estrutural, em 2009 podemos afirmar, é estrutural, pelas suas três etapas: superprodução, crise financeira e desempregos.
Diante de tamanha crise, é tarefa dos partidos socialistas, através dos sindicatos e movimentos, dirigir o proletariado em lutas concretas, sem unidades rebaixadas com a burguesia.
Tais unidades só devem ser feitas quando se configura um avanço de consciência para a classe trabalhadora.
Diante de todo esse cenário, as mulheres proletárias, que por muitas vezes têm seus salários menores que os dos homens, mesmo realizando as mesmas tarefas, tendo jornada dupla ou até mesmo tripla de trabalho, que enfrentam demissões após a volta da licença maternidade, que precisam deixar seus filhos durante boa parte do dia para estarem no emprego, que são estudantes e são expulsas dos alojamentos universitários por engravidarem e quando têm filhos, por vezes param de freqüentar a Universidade por nelas não existirem creches, que quando optam por aborto são recriminadas pela sociedade, pois perderam o direito ao corpo para o Estado, que têm, em muitos casos, no interior da sua própria família, que passar, lavar, cozinhar e limpar, mesmo que tenham menos tempo livre que os homens da casa, estão agora, na linha de frente das demissões.
A situação da mulher na sociedade capitalista, pela própria configuração do Estado burguês, sempre foi a de submissão ao homem, a mesma submissão da classe trabalhadora aos seus patrões e ao Estado Capitalista.
Lembremos que na década de 60, na América Latina, as mulheres, identificadas como classe, lutavam ao lado de seus companheiros nas guerrilhas.
Em tempos de crise, é preciso organizar a luta da mulher pela sua emancipação, que é dialética à emancipação de toda a classe trabalhadora. Logo, organizar as lutas feministas é organizar as lutas da classe proletária, contra a crise econômica e a favor do proletariado.
Devido a isso é tão importante uma coordenação que aglutine os setores mais de esquerda, que toquem as lutas sindicais e dos Movimentos sociais, como é o caso da CONLUTAS, que, apesar de suas sérias debilidades, é um local onde podemos organizar a classe proletária.
E, para organizarmos a luta da Juventude, é preciso que avancemos e criemos uma Entidade, que aglutine os lutadores de esquerda, para lutar contra a Crise Econômica e os grandes ataques que sofre e sofrerá a juventude durante esse período.

Essa entidade se faz necessária há tempos. Porém, nesse momento de grandes ataques à Educação pública, aos direitos da juventude, como a meia entrada e os direitos da mulher, nos deparamos com a necessidade ainda maior da organização de toda a esquerda, para que possamos dar maiores conseqüências às nossas lutas e tenhamos força nacionalmente.
Mulheres! À frente dessa luta, assim como as operárias russas, construindo o novo e lutando contra o Capital!
Dia 8 de Março é o momento de denunciarmos e dialogarmos os avanços pretendidos com o restante da população!

Vivian Machado Dutra
Coletivo Marxista

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